Como responder a estas situações de sofrimento, o que têm os cuidados paliativos para oferecer? A sua intervenção, sendo obviamente personalizada e adaptada a cada caso, assenta em quatro pilares fundamentais:
❥ saber controlar os vários sintomas que os doentes apresentam (e não apenas a dor), utilizando medidas farmacológicas (medicamentos) e não farmacológicas;
❥ saber comunicar adequadamente com o doente e a sua família, usando obrigatoriamente estratégias para a promoção da sua dignidade;
❥ prestar apoio à família, detectando os seus problemas, as suas necessidades, mobilizando também as suas mais-valias e ajudando-a a lidar com as perdas, antes e depois da morte do doente;
❥ saber trabalhar em equipas multidisciplinares, integrando o trabalho dos diferentes profissionais e voluntários, todos devidamente treinados, para dar resposta às múltiplas necessidades dos doentes e seus familiares.
(…) a prática dos cuidados paliativos não se esgota, como infelizmente algumas vezes se diz, ‘na administração de morfina’. Deve, entre outras coisas, procurar garantir-se a operacionalização da esperança – através da concretização de metas realistas e enquadradas dentro da situação clínica do doente e pelos desejos e valores do mesmo. Deve também efectivar-se a dignidade nas suas diferentes esferas, por exemplo, envolvendo o doente nas opções a tomar, respeitando as suas crenças, valorizando a sua coragem perante as perdas experimentadas e reforçando os papéis que, apesar de doente, pode e deve continuar a desempenhar. Não se devem escamotear as diferentes limitações que o doente experimenta, mas deve sempre ‘ajudar o doente a ajudar-se’, focalizando-nos também naquilo que ele ainda é capaz de fazer. Um doente, nesta como noutras fases, será sempre muito mais que as suas limitações.”
Isabel Galriça Neto
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