Por este motivo é também normal uma pessoa na fase final da sua vida apresentar perda de peso.
Todas estas alterações causam incômodo às famílias/cuidadores que acabam por sobrevalorizar a alimentação e acabam por insistir com a pessoa doente para que coma, causando-lhe maior sofrimento.
É necessário clarificar as famílias/cuidadores de que o facto de a pessoa estar na etapa final da sua vida faz com que perca o interesse e a capacidade para comer e de que não é o contrário… de que a pessoa vai morrer, por não estar a comer.
Muitas vezes as famílias/cuidadores em desespero, acabam por alimentar a pessoa doente esquecendo-se do risco de engasgamento, dado que a capacidade de a pessoa doente se alimentar está diminuída (pois a pessoa normalmente apresenta uma dificuldade progressiva na ingestão e deglutição), e de que ao optar por o fazer acabamos por causar o efeito contrário aumentando o desconforto à pessoa doente. Desta forma acabamos por não preservar a dignidade da pessoa no processo de morrer.
Outra situação habitual é as famílias/cuidadores pedirem para colocar sonda nasogástrica para alimentação. Existem estudos que relatam que a colocação da mesma não aumenta o tempo de vida da pessoa em relação àqueles que não optaram por a colocar (nem diminui o risco de pneumonia por aspiração, não melhora a cicatrização das úlceras de pressão, peso, conforto ou capacidade funcional). O importante neste momento é realçar que a colocação de uma sonda nasogástrica vai causar sofrimento à pessoa doente e esclarecer que por mais que se alimente a pessoa, a capacidade de absorção dos alimentos por parte desta não ocorre dado o processo de fim de vida.
Outra situação recorrente é o pedido para a colocação de soro e relativamente à soroterapia é necessário corrigir a ideia de que esta substitui os alimentos. A colocação da mesma é inclusivé desaconselhável em algumas situações, acabando por ser causa de sofrimento e não de conforto.
As famílias/cuidadores precisam assim de ser amparadas e esclarecidas. Devem antes ser incentivada a colaborar a ajudar a pessoa na etapa final da sua vida, humedecendo com frequência a mucosa oral para evitar a sensação de boca seca (xerostomia) e uma boa higiene oral para evitar complicações orais como mucosite ou mau hálito (haitose), devendo sim ser estas as ocupações das pessoas que cuidam da pessoa doente, para evitar o desconforto em fim de vida.
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